4 de nov. de 2022

 


O CLUBE do imperador. Direção: Michael Hoffman. Los Angeles: Universal, 2002. DVD.
RESENHA

Adriana Borges Ferro Moura 

O Clube do Imperador, filme lançado em 2002, tem como cenário o colégio St. Benedict's, uma escola exclusiva para rapazes que possui como alunos os filhos da nata da sociedade americana. O início da história se passa no ano de 1976 e começa em uma sala de aula da disciplina História Greco Romana, ministrada pelo professor William Hundert ( Kevin Kline). 
Hundert demonstra ser um professor apaixonado pela docência que acredita que pode mudar seus alunos por meio do ensino. Em sua sala de aula há iconografias de vários personagens de suas aulas e ele dedica-se a explicar a seus alunos que o “ O caráter de um homem é seu destino”, fazendo uso dos exemplos dos clássicos para reforçar suas lições de história e de moral.

O enredo do filme começa a se desenvolver realmente quando um aluno chega a sala de aula de Hundert, Sedgewick Bell filho de um importante Senador. Ele apresenta um comportamento desafiador, com pouco apego às regras da instituição e à autoridade do professor. Inicialmente, o professor ficou paralisado diante do aluno e até apresentou um comportamento hostil diante da indisciplina que ele apresentava.

Mas, ao chegar o momento do concurso do Senhor Júlio César, Hundert percebeu a oportunidade de desafiar a inteligência de Sedgewick e assim conquistar sua empatia, para tanto forneceu-lhe um livro de sua estima, e acompanhou com contentamento o crescimento das notas dele.

No momento de determinar os três finalistas, entusiasmado pela evolução nas notas de Sedgewick, o professor Hundert falseia a nota que deveria atribuir-lhe para que possa compor o trio finalista, no entanto com esta ação ele pretere Martin Blythe, aluno brilhante que almejava participar do concurso para se tornar o sr. Júlio César como seu pai tinha sido.

Durante o desafio final, Hundert percebe com pesar que seu aluno predileto está fraudando, e propõe uma questão que ele não poderia ter sem suas notas de “pesca”. Com isto, outro estudante, que de fato tinha conhecimento necessário para ganhar o concurso logra êxito. Neste ponto nos deparamos com a tristeza do professor diante da sensação de fracasso e da percepção que Bell voltava aos velhos hábitos, tanto que afirma que a tristeza era o sentimento que o invadia ao entregar-lhe o diploma. 

No entanto, é importante uma reflexão sobre o comportamento do professor e do aluno. Poderíamos compreender que o professor tinha um bom motivo para colocar um aluno na final em detrimento de outro, que suas intenções eram boas, mas é importante ressaltar que Bell também tinha seus motivos, sendo a aprovação paterna um deles. O professor com sua ação fraudulenta marcou definitivamente a vida de outro aluno, que não lhe tinha angariado a mesma empatia que Bell. Uma discussão ética perpassa neste momento do filme: Os fins justificam os meios? E o comportamento do professor não foi igualmente reprovável?

O tempo passou, o professor Hundert aposentou-se após ser preterido para a direção do colégio St. Benedict's para dar lugar ao professor James Ellerby, que pautou sua vida acadêmica para conseguir o cargo que naturalmente seria do professor Hundert. Vinte anos depois, já aposentado e casado com seu amor de toda a vida, Hundert recebeu uma proposta de Bell, agora um grande empresário, por meio de Ellerby, para um novo desafio do Sr. Júlio César, com seus ex-alunos.

Aceitou relutante, mas ao chegar ficou feliz ao rever todos os seus antigos pupilos e preparou-se para mediar o desafio, com a esperança que dessa vez o desfecho fosse diferente, que Bell houve se transformado em alguém ético, talvez até para aplacar sua própria culpa, na percepção de que tinha alcançado o seu fim. Mas não foi o que ocorreu, mais uma vez seu ex-aluno usou de fraude e ao final anunciou sua candidatura ao senado, demonstrando o real interesse da reunião, angariar apoio dos ex-colegas, agora influentes profissionais.


Diante deste comportamento, o professor tem uma conversa com Martin Blythe, e revela-lhe a fraude no primeiro concurso, informando-lhe que ele que deveria ser o concorrente naquela oportunidade. E o encontro final com seus alunos, faz Hundert compreender que seu fracasso com Bell não significava seu fracasso como professor, porque ele havia influenciado muitas vidas de forma positiva, isto determinou sua volta a sala de aula de St. Benedict's, agora uma escola bem diferente daquela de vinte anos atrás. E o desfecho que marca este pensamento é exatamente Blythe levando seu filho para a aula do seu antigo professor, com a percepção que apesar de tudo suas lições eram valiosas.



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