Durante
muito tempo meu olhar científico esteve voltado para o professor bacharel, com
um cuidado especial para o professor de Direito, refletindo sobre suas
dificuldades e dilemas.
Mas
estes dias uma inquietação tem tomado conta de mim, os perigos que os alunos de
Direito tem corrido. E eles são muitos mas alguns me preocupam mais.
1) O
RISCO DA SUPERFICIALIDADE
Em
um mundo muito célere, em que as informações estão ao alcance de um botão, e
que textos devem ser reduzidos a 140 caracteres, os nossos alunos correm o
risco de se contentarem em estudar por apostilas, ou resumos, ou, pior ainda,
por slides dos professores (que são muitas vezes fotografados com a câmera do
celular), não que não leiam os livros, mas alguns trazem apenas para a sala de
aula, para acompanhar as aulas e/ou fiscalizar se as informações dos
professores estão de acordo com os autores. É preciso ir além, é preciso textos
que desafiem nossa inteligência, que nos levem a um patamar acima da média, porque
é sempre isto que devemos perseguir.
2) O
RISCO DO DEBATE CICLICO
Outro
risco é de tudo fazer um debate. Dia deste um aluno me perguntou se eu não
achava que determinado artigo do Código Penal era hipócrita. Confesso que não
deixei a coisa se alongar muito, e isto pode até ter parecido uma volta ao
modelo elitista inglês de faculdade, mas o meu receio era fazer de todas as
aulas um longo discurso cíclico sobre mercado, capitalismo, religião. É certo
que devemos discutir para além da teoria, e acredito que a sala de aula também
é espaço para isto, mas como eu disse: "para além da teoria", porque
ela deve ter espaço e muito espaço em sala de aula. Sem conhecer a teoria, todo
discurso é vazio e repetitivo e muitas vezes reprodução de algo que escutamos
em algum lugar.
3) O
RISCO DO AQUI E AGORA
Nossos
alunos estão inseridos em uma perspectiva do aqui e agora, queria muito que
eles pensassem sobre o futuro, que respondessem a pergunta: Onde você quer
estar daqui a 10 anos? E que eles compreendessem que eles só chegarão lá se
começarem a caminhar agora. Para
alcançar nossos objetivos é preciso sacrifício, é preciso compreender
que tudo que fizermos ou não fizermos agora irá definir nosso futuro. E a
maioria dos meus alunos está começando a construir agora o seu futuro, com
muitas ferramentas que os permitirão alcançar qualquer dos seus objetivos,
mesmo aqueles que estão nos mais altos picos.
Sinto-me
mais leve deixando estas palavras saírem do meu coração que estava pesado. A
juventude é um tempo de escolhas, reflitam sobre as escolhas de vocês e saibam
que cada passo é definitivo para chegar ao fim do caminho.