Teresina, 19 de fevereiro de 2014
Caríssimos,
É hora de
começar a escrever a monografia. Neste momento, o mais comum é não saber por
onde começar. Então, para facilitar o trabalho vou propor alguns passos. Tudo é
proposta, o meu trabalho como orientadora é propor o caminho, mas quem vai
percorrê-los é cada um de vocês. Não há fórmulas mágicas, mas há caminhos mais
seguros, que eu aprendi muitas vezes errando, mas que vocês podem aprender com
minha experiência, a experiência de quem está na pesquisa há um pouco mais de
tempo.
Vamos aos
passos:
1º Passo: Retome o seu projeto de pesquisa.
O projeto de
pesquisa é como um guia para o trabalho. Temos que ter sempre em mente os
objetivos propostos, e ficar atentos para verificar se estamos cumprindo os
objetivos específicos. Neste sentido, é importante voltarmos sempre ao
projeto, e ele deve ser nosso
companheiro de jornada, ele deve ser sempre verificado, para notar se há
necessidade de reformulação dos objetivos ou se a pergunta de pesquisa não
precisa ser mudada.
Pare um pouco
agora e volte ao projeto, veja seus objetivos geral e específicos e verifique
se é possível cumpri-los ou se vamos ter
que redimensiona-lo.
2º Passo: Construa um sumário.
Chegando
nesta etapa você já tem um título da sua pesquisa, já tem o tema, e já deve ter
iniciado suas leituras. Então, com base nas leituras, nos sumários dos livros e
artigos lidos, construa o seu sumário provisório, e atente bem para o nome
SUMÁRIO PROVISÓRIO, se ao longo da pesquisa você precisar mudar, mude. Nada
deve ser uma camisa de força na atividade científica. Então agora é hora de
construir o sumário provisório. Tente não cair no lugar comum de trabalhar com
histórico do instituto, a não ser que isto seja mesmo necessário para
desenvolver o seu trabalho nos capítulos seguintes. O sumário vai lhe ajudar
inclusive a escolher suas leituras futuras. Vai encurtar caminhos.
3º passo: Evite pré-conceitos.
Você está
fazendo um trabalho científico, e não um artigo de jornal, ou um panfleto
ideológico, não se apegue muito a suas ideias, a ponto de comprometer as
leituras. Vá a campo para tentar confirmar ou refutar sua primeira hipótese,
sem grandes apegos, afinal, é muito comum, após os estudos nos vermos mudando
de posição quando estas foram firmadas ainda com o conhecimento vulgar e
superficial do assunto.
4º Passo: Cuidado com as palavras.
Cuidado com
as escolhas das palavras. É importante que o seu texto comunique aquilo que
você de fato deseja. Então leia antes de entregar para outra pessoa ler,
principalmente para sua orientadora. É muito comum eu receber textos
truncados, sem cuidado com a forma, e confesso que minha primeira reação a este
tipo de texto é de desanimo, parece que o orientando não tem o menor zelo com o
trabalho que eu vou realizar e o entrega de qualquer jeito.
Escolha bem
as palavras corretas, siga as regras da
ABNT desde o começo de sua escrita e faça uma leitura do texto antes de me
entregar. Texto mal redigido, redigido com desleixo, não merece uma correção
apurada. Assim, para que eu valorize o seu trabalho demonstre que você também o
valoriza.
5º passo: O que escrever primeiro?
É muito comum
os orientandos quererem escrever os capítulos na ordem do sumário, mas isto não
é obrigatório, e nem eu recomendo. É importante que o capítulo inicial de sua
escrita seja o capítulo teórico, aquele que você vai explicar o objeto do seu
trabalho. Algumas vezes os alunos perdem tanto tempo com os capítulos iniciais
que perdem também o vigor nos capítulos que deveriam ser mais densos e melhor
construídos.
Outro erro
comum é o orientando já chegar me apresentando a Introdução. Introdução é a
última coisa que escrevemos. Só introduzimos aquilo que já produzimos. Assim,
não se preocupem com introdução agora.
6º passo: Escrevam, escrevam,
escrevam.
Outro
problema que encontro nos meus orientandos é que algumas vezes eles entram, na
minha sala, cheios de ideias e querem que eu oriente o que ainda não saiu do
plano da abstração, e eu não consigo orientar assim, é preciso o trabalho ser
traduzido em palavras e colocado no papel, ou no computador, só assim, posso
trabalhar.
É mais comum
do que vocês imaginam a famosa paralisia da pesquisa, aquele momento que o
orientando entra em crise e acredita que não conseguirá mais escrever. Acredito
até que a maior parte dos pesquisadores passa por isto, mas o único antídoto
conhecido é a disciplina, é escrever.
Escrevam
mesmo que não gostem do que estejam escrevendo, mas escrevam. Comecem um novo
capítulo, se emperraram no anterior, releiam o que já foi escrito, e em último
caso escrevam os agradecimentos, pesquisem a epígrafe, mas não se afastem da
mesa e desistam. Persistam, a única forma de vencer a inércia é pondo-se em
movimento.
Bom,
precisava ter esta conversa com vocês, meus dias têm sido muito atribulados,
por conta das minhas próprias pesquisas, eu gostaria e muito de contribuir para
os trabalhos de vocês, mas só conseguirei se vocês também se esforçarem. É
preciso um pacto de trabalho e dedicação de ambos os lados. Eu me comprometo, e
vocês?
Abraços
Adriana Ferro
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